Led Zeppelin — a trajetória da banda

A banda inglesa Led Zeppelin está entre as lendas da música. Com muitas polêmicas sobre ocultismo, plágios e excessos, o Led marcou a história do rock e fez parte da gênese do heavy metal, influenciando muitos artistas por várias gerações.

Assim, quando Jimmy Page procurou os companheiros ideais para formar uma banda em que realmente poderia expressar todas as suas ideias e musicalidade, já sabia que faria algo único e inédito — ainda que tomasse algumas ideias de outros músicos para si. A união com Robert Plant, John Bonham e John Paul Jones foi a receita perfeita para as obras geniais criadas pelo Led Zeppelin.

Neste post, veremos um pouco mais sobre o surgimento e ascensão do Led Zeppelin e como ele influenciou a música. Entre histórias mal contadas, imprecisões e mistérios, usei as informações mais recorrentes e já confirmadas em entrevistas por membros da banda. Boa leitura!

Jimmy Page e os Yardbirds




Jimmy Page já era um grande mago das cordas quando fez parte do grupo Yardbirds. Desse modo, ao lado de Keith Relf, Jeff Beck — com quem Page mantinha uma estreita amizade —, Jim McCarthy e Chris Dreja, a banda teve uma história de sucesso, mas que não era o suficiente para Jimmy.

O guitarrista sentia que o grupo não acolhia a amplitude do que desejava criar. O mago da música sonhava com a sua própria banda, que não teria o rótulo de um gênero, não seria blues, country, rock n’ roll, folk ou clássico. Nesse sentido, desejava criar músicas que atravessassem os gêneros, para abrir caminhos que ainda não haviam sido trilhados por ninguém.

O surgimento do The New Yardbirds

Ao deixar Os Yardbirds, o guitarrista já sabia o que desejava, mas precisava dos companheiros certos. A sorte contribuiu para que isso acontecesse, como se a banda precisasse surgir e as pessoas que fariam isso fossem o caminho para algo maior do que eles próprios.

A primeira formação que Page tentou foi com Keith Moon (na época, baterista do The Who), John Entwistle (na época, baixista do The Who) e Jeff Beck. Moon brincou que a banda cairia como um zepelim de chumbo, o que inspirou o nome. Para os vocais, foram cogitados Steve Winwood (Traffic) e Steve Marriott (Small Faces).

Contudo, ainda que os músicos tivessem ficado entusiasmados, não levaram adiante a ideia de deixarem seus grupos já consolidados para embarcar com Jimmy em um caminho arriscado como ele desejava. Aos poucos, a nova banda foi esquecida e suas carreiras seguiram por outros rumos. Porém, para Page o desejo permanecia vivo e inquietante.



Para encontrar os companheiros perfeitos, ele contou com a importante ajuda de Peter Grant. O produtor teve papel essencial para a formação e crescimento do Zep. Assim, Jimmy conheceu John Paul Jones enquanto ainda estava com os Yardbirds e foi uma opção acertada para assumir o baixo e teclados do grupo.

Amigos em comum indicaram um vocalista de pequenas apresentações locais que estava chamando bastante atenção. Robert Plant era conhecido como o “deus dourado” e ao lado do baterista John Bonham, integravam a Band of Joy. Estava formado o “The New Yardbirds”.

O Led Zeppelin é consolidado

Com a banda formada, os choques entre as diferentes personalidades causou tensão e ao mesmo tempo foi responsável pelo encontro único. John Paul Jones era um tranquilo e moderado multi-instrumentista de classe média, família rígida e formação musical sólida. Bonham fazia parte da classe trabalhadora e apresentava um perfil bastante agitado e barulhento. Já Robert Plant era um hippie de estilo marcante, mas inseguro e perdido no palco.

Jimmy Page era um músico experiente, já reconhecido e respeitado, mas ainda sem fama. Dedicado estudioso do ocultismo, levou a energia sombria para as músicas. A banda era seu sonho, a obra da sua vida.

As nuances dos membros trouxeram essa mistura de luz e sombra, de som voraz, porém, com técnica elevada. Eles eram completamente diferentes, por isso, peças fundamentais e complementares.

O primeiro show do The New Yardbirds foi 7 de setembro de 1968, no Gladsaxe Teen Club da Dinamarca. Foram usados números dos Yardbirds e alguns covers de blues. Page tinha muitos riffs e composições prontas, que serviriam de base para a produção autoral do que se tornaria o Led Zeppelin.

Assim, algumas músicas que apareceram na primeira apresentação e foram consagradas com a banda são: “I can’t quit you baby”, “You shook me”, “How many more times” e uma releitura de “Dazed and confused”. Desde o princípio o grupo chamou a atenção pela energia no palco e pela conexão com o público, que em muitos relatos é considerado o quinto e fundamental integrante da banda. Portanto, era momento de abandonar o rótulo de “cópia” dos Yardbirds e assumir um caminho próprio, começando pela mudança no nome.

Discografia do Led Zeppelin




Ao se apresentarem com novo nome, o grupo iniciou o trabalho autoral. Como vimos, em grande parte foi usado o material que Page já tinha pronto. Acompanhe a discografia do Led Zeppelin.

Led Zeppelin

Led Zeppelin 1

O primeiro álbum traz apenas o nome da banda e o dirigível em chamas na capa — o que chegou a causar alguns desconfortos e problemas legais. Lançado em 12 de janeiro de 1969 pela Atlantic Records, é reconhecido como uma grande obra.

O disco é aberto com o ritmo marcante de “Good times bad times”, que inicia o entrosamento entre Jonesy e Bonham. Assim, acumula prêmios e é considerado um marco na história do hard rock e do heavy metal. Traz as seguintes faixas:

Lado A

  1. Good times bad times — Jimmy Page, John Bonham, John Paul Jones
  2. Babe I’m gonna leave you — Jimmy Page e Robert Plant
  3. You shook me — J.B. Lenoir, Willie Dixon
  4. Dazed and confused — Jimmy Page

Lado B

  1. Your time is gonna come — Page e Jones
  2. Black mountain side — Page
  3. Communication Breakdown — Page, Bonham e Jones
  4. I can’t quit you baby — Dixon
  5. How many more times — Page, Bonham e Jones

Led Zeppelin II

capa do disco led zeppelin ii 2

Já mais entrosados, trabalhando coletivamente e muito focados em fazer algo grandioso, os quatro músicos conseguiram despertar a atenção dos críticos e estreitar ainda mais a relação com o público. A banda começava a construir o seu império e a colher os frutos do sucesso.

Lançado em 22 de outubro de 1969, também pela Atlantic Records, o disco traz alguns dos maiores hits do Zep, por exemplo: “Whole Lotta Love”, “Heartbreaker”, “Ramble on” e “Moby Dick”. Conheça todas as faixas do disco:

Lado A

  1. Whole lotta love — Page, Plant, Bonham, Jones, Dixon
  2. What is and what should never be — Page e Plant
  3. The lemon song —Page, Plant, Bonham, Jones, Howlin’ Wolf
  4. Thank you — Page e Plant

Lado B

  1. Hearbreaker — Page, Plant, Jones, Bonham
  2. Living love maid (she’s just a woman) — Page e Plant
  3. Ramble on — Page e Plant
  4. Moby dick — Page, Jones, Bonham
  5. Bring it on home — Page, Plant, Dixon

Led Zeppelin III

Disco led zeppelin III capa

Com uma produção muito rápida, o terceiro disco foi lançado em 5 de outubro de 1970 pela Atlantic Records. As criações são em maior parte de Page e Plant, o que marca um dos momentos de desencontro entre os membros da banda.

O disco tem uma forte influência folk e doses do ocultismo de Page. Não tem uma aceitação tão boa do público quanto os anteriores. Ainda assim, conta com alguns clássicos como “Immigrant song” e “Since I’ve been loving you”. Conheça as tracks do disco:

Lado A

  1. Immigrant song — Page, Plant
  2. Friends — Page, Plant
  3. Celebration Day — Jones, Page, Plant
  4. Since I’ve been loving you — Jones, Page, Plant
  5. Out on the tiles — Bonham, Page, Plant

Lado B

  1. Gallows pole — Page, Plant
  2. Tangerine — Page
  3. That’s the way — Page, Plant
  4. Bron-y-aur stomp — Jones, Page, Plant
  5. Hats of to (Roy) Harper — Charles Obscure

Led Zeppelin IV




capa do disco led zeppelin iv 4

O disco frequentemente chamado de “Led Zeppelin IV” nunca recebeu oficialmente um nome. Por isso, a referência a ele segue a lógica da sequência adotada anteriormente pela banda. O lançamento aconteceu em 8 de novembro de 1971, pela Atlantic Records.

Após uma baixa nas vendas com o disco anterior, a banda trabalhou intensamente na produção do novo álbum. Traz a clássica e eterna “Stairway to heaven”, que nunca foi lançada como single, o que não impediu de se tornar um grande sucesso e de ser reconhecida com uma das melhores músicas de todos os tempos.

A forte campanha indicava algo grandioso para o novo disco. Antes do seu lançamento, foram divulgados apenas os quatro símbolos, um para cada membro da banda. Eles ainda são usados como uma referência importante aos músicos. Assim, Led IV acumula hits e marca novamente os integrantes da banda trabalhando juntos. Conheça as músicas:

Lado A

  1. Black dog — Page,  Plant,  Jones
  2. Rock and roll — Page, Plant, Jones, Bonham
  3. The battle of evermore — Page e Plant
  4. Stairway to heaven — Page e Plant

Lado B

  1. Misty mountain hop — Page, Plant, Jones
  2. Four sticks — Page e Plant
  3. Going to California — Page e Plant
  4. When the levee breaks — Page, Plant, Jones, Bonham, Memphis Minnie

Houses of the Holy

Houses of the Holy é o último álbum lançado pela Atlantic Records, o que aconteceu em 28 de março de 1973. Foi o momento em que a banda já tinha o sucesso consolidado e explorava produções mais técnicas. Em Houses of the Holy vemos um Led Zeppelin trabalhando em sintonia e com foco no seu já mencionado quinto integrante: o público.

É o momento de John Paul Jones explorar os teclados na marcante “No quarter”, que ganhava muitos minutos a mais nos shows. Veja as faixas que aparecem no álbum:

Lado A

  1. The song remains the same — Page e Plant
  2. The rain song — Page e Plant
  3. Over the hills and far away — Page e Plant
  4. The crunge — Bonham, Jones, Page, Plant

Lado B

  1. Dancing days — Page e Plant
  2. D’yer maker — Bonham, Jones, Page e Plant
  3. No quarter — Jones, Page e Plant
  4. The ocean — Bonham, Jones, Page e Plant

Physical Graffiti

O Pshysical Graffiti é o primeiro disco lançado pela Swan Song Records, em 24 de fevereiro de 1975, o que é responsável pela associação da banda ao símbolo metade anjo metade humano.

O selo teve o objetivo de trazer mais liberdade criativa, com a parceria importante de Peter Grant. Assim, Physical é um disco duplo repleto de sucessos, a exemplo: “Kashmir”, “Ten years gone” e a emocionante “In my time of dying”. O disco duplo foi gravado em um período conturbado para os integrantes e divide opiniões de fãs e críticos. Traz as seguintes faixas:

Disco 1 — Lado A

  1. Custard pie — Page e Plant
  2. The rover — Page e Plant
  3. In my time of dying — Bonham, Jones, Page e Plant

Disco 1 — Lado B

  1. Houses of the holy — Page e Plant
  2. Trampled under foot — Jones, Page e Plant
  3. Kashmir — Bonham, Page e Plant

Disco 2 — Lado A

  1. In the light — Jones, Page, Plant
  2. Bron-Y-Aur — Page
  3. Down by the seaside — Page e Plant
  4. Ten years gone — Page e Plant

Disco 2 — Lado B

  1. Night flight — Jones, Page, Plant
  2. The wanton song — Page e Plant
  3. Boogie with stu — Bonham, Jones, Page, Plant, Ian Stewart, Ritchie Valens
  4. Black country woman — Page e Plant
  5. Sick again — Page e Plant

Presence




Durante a gravação do Presence, os integrantes do Zep passavam por momentos difíceis. Bonham estava cada vez mais descontrolado com o excesso de bebidas, Jimmy Page com dificuldades em manter o foco por conta das drogas, os desconfortos de Jones e seu pouco espaço, além do acidente de Robert Plant.

Em 1975 o vocalista estava de férias na Ilha de Rodes com sua família, quando sofreram um terrível acidente que quase fez com que o músico deixasse de andar. A faixa “Achilles last stand” foi escrita e gravada por Plant em uma cadeira de rodas e descrita pelo próprio como um grito de guerra. Isso explica o motivo de ser tão forte e visceral.

Assim, em 31 de março de 1976 o Presence foi lançado. É conciso, sem tanto experimentalismo, com base na raiz blues e funk. Não tem grandes hits, nem uma aceitação tão grande do público. Por outro lado, é um disco amadurecido, com profissionais que colocam na música a expressão de suas vidas confusas. Conheça as tracks:

Lado A

  1. Achilles last stand — Page e Plant
  2. For your life — Page e Plant
  3. Royal orleans — Bonham, Jones, Page, Plant

Lado B

  1. Nobody’s fault but mine — Page e Plant
  2. Candy store rock — Page e Plant
  3. Hots on for nowhere — Page e Plant
  4. Tea for one — Page e Plant

In Through the Out Door

Se o Presence foi o começo do fim para o Led, In Through the Out Door é a despedida da banda para as criações. Isso porque, após Plant enfrentar a árdua recuperação e voltar a andar, passa por outra grande dificuldade: o falecimento de seu filho, Karac, em 1977, com apenas cinco anos.

A sintonia do grupo já não era mais a mesma. Page e Bonham estavam cada vez mais entregues às drogas e as tensões entre os membros vinham se acumulando.

Jones, mais uma vez, foi o elo entre os integrantes. Sempre centrado, sem excessos e muito focado, teve seu momento de mostrar muitas composições guardadas por anos e que foram a base para o novo disco, lançado em 15 de agosto de 1979.

A voz de Plant, afetada pelas dificuldades recentes, recebeu uma dose a mais de efeitos, apesar das críticas em relação à mixagem. O que vemos é um disco com maior presença dos teclados, uma guitarra mais tímida e a bateria de Bonham que é sempre boa.

Lado A

  1. In the evening — Jones, Page e Plant
  2. South bound saurez — Jones e Plant
  3. Fool in the rain — Jones, Page e Plant
  4. Hot dog — Page e Plant

Lado B

  1. Carouselambra — Jones, Page e Plant
  2. All of my love — Jones e Plant
  3. I’m gonna crawl — Jones, Page e Plant

A morte de Bonham e o fim do Led Zeppelin

Em 1980 a banda estava lutando para sobreviver, mesmo entre tantas dificuldades internas e externas. Em 25 de setembro daquele ano o seu fim se tornou inevitável, com a morte de John Bonham, aos 32 anos, por asfixia. Na noite anterior os membros estavam reunidos para planejar a nova turnê e depois de várias doses de vodka, o baterista faleceu sozinho em um quarto, na casa de Jimmy Page.

No dia 4 de dezembro de 1980 os integrantes anunciaram o fim da banda. Bonham não poderia ser substituído, a energia da banda jamais seria recriada com outro músico. A morte do baterista foi um marco para seus companheiros, que repensaram a sua trajetória até então. De certa maneira, todos sentiram que poderiam estar em seu lugar.

Em 19 de novembro de 1982 o Led lança o Coda, uma coletânea com músicas que não tinham sido apresentadas.

Nada do que foi conquistado seria possível se o Led Zeppelin não fosse formado exatamente pelos quatro integrantes que fizeram com que se tornassem os gigantes da música.

O Celebration Day e a participação de Jason Bonham

Após o fim da banda, os integrantes que buscaram novos caminhos. Assim, Plant seguiu um estilo mais moderado em seus trabalhos solo e Jonesy investiu na produção musical e trabalhou com vários artistas. Page relutou um pouco mais em mudar os rumos, ele ainda queria insistir em parcerias com os ex-colegas.

Em 1985 tiveram um desajeitado reencontro no Live Aid. A princípio, Jones não havia sido convidado para participar, o que gerou um mal-estar. Além disso, Phil Collins, convidado para a bateria, arruinou a apresentação por não conseguir tocar as músicas. Com vários problemas de som, o show foi um desastre.

Porém, em 2007 o tão sonhado — por Page e Jones — reencontro aconteceu, em uma apresentação histórica, que recebeu o nome de Celebration Day. Robert Plant sempre resistiu em retornar às experiências com o Led. Depois de todas as dificuldades que enfrentou, o músico tentou seguir em frente e deixar para trás as lembranças das experiências negativas. Com isso, seus companheiros precisaram fazer algumas concessões para que o evento acontecesse.

Dessa maneira, a bateria foi assumida por Jason Bonham, filho de John, que prestou uma linda homenagem ao pai ao aceitar a difícil missão de se sentar em seu lugar.

Portanto, o Led Zeppelin gravou seu nome na história da música. Com o sucesso meteórico e energia única, a banda representa uma época e até hoje é inspiração para grandes artistas. Enquanto o seu legado existir, o Led Zeppelin não terá chegado ao fim.

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Flávia Lemes

Sou formada em Filosofia e mestranda na área de Educação. Apaixonada por música, deixei de ser violonista de quarto para me tornar guitarrista e vocalista em algumas bandas locais. Adoro vinhos e sempre que posso busco aprender mais sobre suas características e descobrir novos sabores.

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