Joan Jett — músicas e trajetória da artista

Joan Jett figura entre as personalidades mais importantes do rock, com vários trabalhos solo, bem como nos grupos The Runaways e Joan Jett & the Blackhearts. A artista emplacou diversos sucessos, além de ser uma representante feminina na cena musical. Por sua expressividade artística, já foi chamada de “Rainha do Rock” e “Madrinha do Punk”.

É interessante observar que a carreira de mulheres no meio musical, especialmente em estilos como rock, punk e metal, é frequentemente marcada por constrangimentos e dificuldades por conta do gênero. Neste texto, você verá um pouco mais sobre a trajetória de Joan Jett, as músicas mais marcantes e suas contribuições para o cenário. Boa leitura!

Início da carreira musical de Joan Jett




Joan Marie Larkin nasceu em 22 de setembro de 1958, na Pensylvania. Ela ganhou sua primeira guitarra aos 13 anos, como um presente de Natal. Já nas primeiras experiências percebeu que sua vivência na música não seria como a das estrelas que admirava. Ao iniciar as aulas com o instrumento, ouviu do professor que “garotas não tocam rock ‘n’ roll”.

Felizmente para nós, aquela jovem garota não deu ouvidos à fala inconveniente e seguiu com seus estudos musicais. Aos 15 anos, sua família se mudou para Los Angeles e a artista teve a oportunidade de vivenciar a cena rock, o que teve uma importante influência em seu estilo. Assim, adotou o nome artístico de Joan Jett e começou a construir a carreira na música.

The Runaways

Um dos trabalhos mais expressivos de Jett foi com a banda The Runaways, fundada com a baterista Sandy West. Foi o produtor Kim Fowley que apresentou as garotas e as ajudou a encontrar as demais integrantes. Dessa forma, a ideia era justamente montar uma banda apenas com mulheres, o que se concretizou em 1975.

A princípio, com a entrada da baixista e cantora Micki Steele, a banda se apresentava como um power trio. Porém, Lita Ford passou a integrar o grupo como guitarrista e vocalista, enquanto Steele deixou a The Runaways. Posteriormente, Peggy Foster assumiu o baixo, mas permaneceu no conjunto por apenas um mês. As próximas a ingressarem na banda foram Cherrie Currie no vocal e a baixista Jackie Fox.

Assim, The Runaways conseguiu um sucesso expressivo, apesar de seu curto período de atividade, apenas 4 anos. Nesse período, elas lotaram shows e emplacaram alguns hits. As referências da banda eram nomes como: David Bowie, Suzi Quatro, Jeff Beck, Richie Blackmore, Roger Taylor e Gene Simmons. Joan Jett queria apostar na sonoridade pesada e suja, aliada ao apelo sexual de artistas que admirava, como os Rolling Stones e o Led Zeppelin, além de buscar referências no movimento glam rock.

Elas também se associaram a outras bandas punk na época, como Ramones, The Dead Boys e Sex Pistols. No entanto, por conflitos com os produtores e entre as integrantes, o grupo encerrou sua carreira em 1979. Alguns dos grandes sucessos musicais que podemos destacar são: Cherry Bomb, Queens of Noise e Born to be Bad.

Carreira solo

Com o término da The Runaways, Joan Jett seguiu sua carreira solo. Dessa forma, participou de gravações com outros artistas, como Sex Pistols, Paul Cook e Steve Jones. Nesse período, conheceu o compositor e produtor Kenny Laguna, que contribuiu com algumas de suas composições e se tornou seu amigo. O álbum que Jett produziu tem seu nome como título e foi rejeitado por 23 gravadoras. A sugestão era que ela deixasse a guitarra de lado e se apresentasse apenas como cantora.

Por esse motivo, a artista e o produtor decidiram criar a própria gravadora, que recebeu o nome de Blackheart Records. Com isso, Joan Jett se tornou a primeira mulher a começar uma gravadora. Seu grande sucesso, I love rock and roll, é uma releitura da música do The Arrows e foi sugerida pela guitarrista a The Runaways. No entanto, as colegas não gostaram da ideia do cover e Jett efetivou sua gravação na carreira solo.

Joan Jett & The Blackhearts

Com a criação da gravadora, Jett investiu em montar uma nova banda, que ainda a acompanha. Assim, surgiu o grupo Joan Jett & The Blackhearts, com instrumentistas homens. Esse foi um recurso encontrado pela guitarrista e cantora para evitar o assédio e a agressividade que sofreu enquanto teve uma banda apenas com mulheres.

Efetivamente, com o The Blackhearts a artista teve várias criações e fez covers de bandas que admira. Nesse sentido, algumas canções notáveis são I Hate Myself for Loving You e a releitura da Bad Reputation, que se tornou um hino de sua carreira e da presença feminina na música.

Joan Jett e o feminismo



Ao reconhecer mulheres que marcaram o mundo da música popular, é inevitável mencionar os assédios, abusos e violências de diversos tipos que elas enfrentam nesse meio. Assim, o feminismo é um tema incontornável ao se tratar de Joan Jett. Isso porque, ela é uma mulher que abriu caminho para outras e é até hoje grande inspiração para aquelas que querem se sentir livres para tocar algum instrumento ou mesmo para curtir qualquer estilo musical sem constrangimentos.

Nesse sentido, Joan Jett vivenciou momentos amargos desde quando decidiu aprender a tocar guitarra — o que a levou a seguir com seus estudos sem professor, com a ajuda de livros.  Essa repressão não mudou durante o início de sua carreira. Nos shows da The Runaways, as integrantes chegaram a receber uma chuva de cuspidas e objetos lançados ao palco, além de insultos.

Foi no Japão, com uma grande receptividade para a banda só de mulheres e um público majoritariamente feminino que nossa estrela percebeu que a importância de seu trabalho ia além da música, ela estava inspirando mulheres a fazer o que desejavam. Joan Jett, ao ignorar todas as pessoas que quiseram mostrar que ela não deveria estar naquele lugar e optar por expor toda sua força no palco, escreveu uma nova página na história do rock e do punk, que até hoje reverbera entre as mulheres.

Sexualização e sexualidade em Joan Jett

Um dos aspectos importantes da resistência feminina em Joan Jett é a sensualidade em sua postura e nas composições. Como mencionei, esse apelo era uma de suas intenções, já que bandas masculinas da época exploravam esse elemento o tempo todo em seus trabalhos. A grande diferença é que para as mulheres, isso sempre precisa ser algo passivo e que automaticamente as torna “menos respeitáveis”.

Nesse contexto, Jett se apresenta constantemente com sua força sexual, mas como sujeito e não objeto. Dessa forma, faz isso por escolha, sem que produtores usem sua aparência ou seu gênero para vender uma imagem submissa. Joan Jett é dona da sua música, do seu corpo e da sua sexualidade. O feminismo, para ela, não foi uma escolha, mas uma condição de sobrevivência no meio.

Essa expressividade está presente em suas letras também, como na autobiográfica Bad Reputation, que é um grito de liberdade às mulheres. Com frases como “uma garota pode fazer o que ela quiser fazer e é isso que eu vou fazer” e “você está vivendo no passado, é uma nova geração”, além de um clipe em que a artista usa maquiagens fortes e se apropria de espaços em que mulheres, geralmente, não são bem-vindas, a canção tem uma clara mensagem contra o machismo. Do mesmo modo, mostra as rejeições que enfrentou.

Em suma, Joan Jett é uma grande artista, que marcou a história do rock e do punk. Sua trajetória a coloca, certamente, entre as lendas da música. Com isso, é uma inspiração a todas as pessoas que apreciem esse gênero musical. Efetivamente, em 2015 a estrela entrou para o Hall da Fama do Rock And Roll.

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Flávia Lemes

Sou formada em Filosofia e mestranda na área de Educação. Apaixonada por música, deixei de ser violonista de quarto para me tornar guitarrista e vocalista em algumas bandas locais. Adoro vinhos e sempre que posso busco aprender mais sobre suas características e descobrir novos sabores.

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